Neste período do ano, celebramos a Semana Mundial de Prevenção as Quedas em Idosos. Essa síndrome, principalmente se acompanhada de fraturas, é possivelmente o pior evento que o idoso pode sofrer.
Que tal entender melhor o que é, quais as consequências e principalmente: como prevenir a síndrome de quedas em idosos?
Temos no país uma população que envelhece de maneira acelerada, com várias doenças associadas. E as queixas do aparelho locomotor são as mais importantes. Isso, devido a grave diminuição na capacidade física e nas condições de auto-sustentação, que, embora não sejam as de maior risco, são as que mais comprometem a qualidade de vida das pessoas.
Nos últimos artigos, expliquei a importância de estudarmos e cuidarmos do envelhecimento e falei também sobre as principais doenças ortopédicas desse processo:
Hoje, você irá entender como isso converge para um problema muito grave de saúde: a síndrome de quedas em idosos.
Você sabe qual a importância da ortopedia no envelhecimento?
Dados do PNAD 2008 (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios) mostraram que 60% das pessoas com mais de sessenta anos (classificados como idosos pelo IBGE) tinham queixas de dores relacionadas ao aparelho locomotor (ossos, músculos e articulações). O porcentual deles que não conseguiam ou tinham dificuldade de caminhar por 100 metros chegou a 13,6%. Essa proporção era maior entre as mulheres, acometendo quase 16% delas. Essa limitação de locomoção reflete em um alto índice de quedas e suas complicações nessa faixa etária.
Consequências das quedas
Os dados são chocantes: um em cada três idosos irá sofrer ao menos uma queda por ano e, na maior parte da população dos indivíduos que caem, o fenômeno ocorre mais de uma vez.
Vários deles sofrerão fraturas sendo a mais grave a do quadril, seguindos pelo ombro, punho, joelho e tornozelos. A média de dias de internação por fraturas do quadril osteoporóticas é de 9,21 dias (quase 3 deles na UTI) e a mortalidade no primeiro ano chega a 23% entre as mulheres, e a mais de 60% entre os homens (em pacientes com mais de 80 anos). Isso ocorre principalmente devido à grande dificuldade de recuperação que normalmente estão aliados à presença de doenças cardíacas, diabetes, osteoporose etc.
Porque o idoso cai?
Podemos dividir os fatores de risco para queda em intrínsecos e extrínsecos.
Fatores de risco intrínsecos:
São aqueles relacionados ao indivíduo, que aumentam sua fragilidade e limitações motoras.
- Idade avançada (> 80 anos)
- Sexo feminino
- Baixa aptidão física
- Fraqueza muscular de membros inferiores e superiores (medida pela força do aperto de mãos)
- Equilíbrio diminuído
- Marcha lenta com passos curtos
- Dano intelectual
- Doença de Parkinson
- Imobilidade
- Ter tido episódios anteriores de quedas
- Uso de sedativos, ansiolíticos e hipnóticos
- Uso de muitos medicamentos (polifarmácia)
- Infecção urinária
Fatores de risco extrínsecos
São os relacionados ao ambiente.
- Tapetes e carpetes
- Móveis que impedem a livre circulação
- Uso de calçados, sandálias e chinelos inadequados
- Pisos encerados ou lisos
- Falhas em corrimões
- Falta de locais para apoio de membros superiores
Prevenção das quedas em idosos
A prevenção, das graves consequências relacionadas a fratura do quadril, estárelacionada à duas vertentes: tratamento da osteoporose e prevenção das quedas.
As principais medidas são:
- Iluminação de ambientes: usar lâmpadas noturnas de baixa voltagem nos banheiros.
- Materiais anti-derrapantes e barras de apoio nos banheiros (banheiras, boxes, ao lado dos vasos sanitários etc.).
- Tapetes: retirar ou fixar no piso.
- Evite deixar rugas ou dobras em tapetes ou carpete
- Não encerar pisos descobertos.
- Manter o piso livre de obstáculos como sapatos, brinquedos ou mesmo animais domésticos.
- Assegurar que maçanetas, corrimões e passadeiras estejam firmes.
- Controle da temperatura do ambiente – poderá causar tonturas nos idosos caso esteja muito fria ou quente.
- Corrimões em passagens e corredores.
- Os idosos devem realizar treinamentos de força e equilíbrio.
- Antes de levantar, o idoso deve sentar-se a beirada da cama por alguns minutos.
- Usar sapatos de sola fina e emborrachada, preso aos pés.
- Acompanhamento com geriatra para adequação das medicações em uso.
Veja aqui o gráfico explicativo do Hospital Albert Einstein, que compartilho com vocês. (PS: é interativo e só funciona no desktop)
Espero ter ajudado você a cuidar melhor do processo de envelhecimento.
Mande suas dúvidas para mim.
Abs
Dr. Gustavo
Dr. Gustavo, adoro ler seus artigos. São bem claros e de fácil compreensão. Estando nesta faixa etária, me cuido, faço exercícios físicos, regularmente, e procuro ter uma boa alimentação. Agora, seguindo suas orientações, poderei ter um envelhecimento ainda mais saudável. Obrigada!!
Olá Madalena. Fico muito feliz em ser útil. Preste bastante atenção nas dicas de como evitar as quedas. Neste post esclareço as melhores dicas para evitá-las.
Dr. Gustavo Borgo, sempre leio seus artigos, porque são muito esclarecedores e de fácil compreensão. Estou nesta faixa etária, mas mesmo para quem não está, é muito importante . Prático exercícios, procuro ter uma boa alimentação e sigo todos os seus alertas. Espero com isso e graças a você, envelhecer com qualidade de vida.Adoro suas dicas.(ah! já fui atendida por você no hospital, esse ano, e fiquei muito tranquila, apesar de ter chegado no hospital com muita dor, pois você trata as pessoas com muito carinho , respeita e entende a dor que estamos sentindo), muito obrigada, um beijo.
Muitíssimo obrigado Maria Teresa. Quanta satisfação poder te ajudar. Agora, continue lendo e re-lendo os artigos quantas vezes achar necessário. Faça as anotações e siga as dicas. Assim, com certeza irá envelhecer com mais qualidade.