Você sabia que sentir medo de cirurgia é natural?

Aposto que você nunca parou para pensar nisso, mas o medo de cirurgia aparece em uma situação como a descrita abaixo.

Certo dia você levanta da cama cedo e diz para si: “Preciso cuidar desta dor no ombro. Ela me incomodou a noite inteira”. Resolve, então, marcar uma consulta e passar pelo médico ortopedista. O profissional solicita alguns exames e na consulta de retorno, você recebe a seguinte notícia: “É necessário operar”.

Sabia que esse tipo de situação é muito comum no dia-a-dia do consultório ortopédico?  Lidar com ela, tanto para o médico como para o paciente, é sempre um desafio. Por esse motivo, resolvi esclarecer alguns temas que envolvem o medo nesse post.

Tenha medo de cirurgia, mas não entre em pânico!

O medo, assim como a dor, é um dos mecanismos protetores mais importantes do nosso organismo. São eles, o medo e a dor,  que nos mantém vivos, apesar das ameaças constantes ao nosso corpo.

Já se perguntou por que você sente dores quando está doente? Ou quando torce o tornozelo? Ou quando fica muito tempo sentado dentro de um carro? É o primeiro aviso que algo está errado. Veja aqui alguns dos sintomas que pedem sua atenção. 

E por que temos medo de cirurgia? Porque ele é o responsável por nos avisar que corremos algum risco.

Muitos são os mitos envolvendo a idéia que os pacientes têm da anestesia. As complicações fatais em anestesia acontecem na ordem de um em cada duzentos mil procedimentos. É possível que um anestesista realize cerca de vinte a trinta mil procedimentos e não presencie nenhuma complicação grave decorrente da anestesia.

Atualmente, com o avanço da medicina, das técnicas cirúrgicas, medicamentos e equipamentos modernos, a realização de procedimentos cirúrgicos é muito segura. A anestesia nunca foi tão confiável e o monitoramento de todos os dados vitais do corpo humano nunca foi tão completo. Os riscos portanto, diminuem substancialmente a valores baixos e aceitáveis.

Conheça os riscos e saiba como são evitados

  • Doenças crônicas: A avaliação pré-operatória realizada pelo cardiologista e pelo anestesista é completa. Nela, são identificadas todas as patologias que possam representar alguma ameaça. Para entender melhor, a  avaliação identifica itens como: alergias, pressão alta, diabetes, alterações do colesterol e triglicérides, doenças do coração (insuficiência cardíaca, coronariana e arritmias), dos rins, fígado e pulmões. Para os casos eletivos, isto é, as que não são urgências, deixamos eventuais problemas de saúde controlados antes da data escolhida para a cirurgia. Essa medida reduz o risco de complicações cirúrgicas à menos de 1%.
  • Risco infeccioso: Além dos cuidados com a higiene e assepsia (cuidados para eliminar completamente os agentes infecciosos) no momento do procedimento, há ainda o preparo de todo o material que será utilizado na cirurgia.  Tudo é esterilizado, e há controles rigorosos freqüentemente vistoriados e revisados para garantir a segurança do paciente. Poucos sabem, mas o estado nutricional pode aumentar o índice de infecção no pós-operatório. Isso porque há proteínas e vitaminas importantes da nossa dieta que são usados para formar anticorpos e fortalecer nossas células de defesa do sistema imunológico. Pacientes com alterações nutricionais importantes, como diabéticos e em pós-operatório de cirurgias de obesidade, devem estar bem acompanhados do ponto de vista nutricional e alimentar.
  • Risco cardíaco: Os medicamentos e a monitorização utilizados atualmente permitem um controle rigoroso e seguro de todas as funções vitais. É possível acompanhar em tempo real tudo que acontece no momento da cirurgia. Utilizamos para isso o eletrocardiograma, a freqüência dos batimentos cardíacos e pulso, a medida de oxigenação do sangue e dos pulmões, e o controle da pressão arterial. O anestesista e a equipe médica acompanham tudo de perto, e estão prontos para agir caso apareça qualquer alteração.
  • Risco anestésico: O módulo BIS é um aparelho que mede o nível de consciência, isto é, os efeitos dos anestésicos e sedativos no cérebro. Para isso, um sensor é posicionado na testa do paciente. Esse aparelho capta e traduz a atividade cerebral em uma escala que vai de zero a cem. Zero é a ausência de atividade elétrica cerebral e cem é quando o paciente está acordado. O tipo e quantidade de medicamento anestésico utilizado no procedimento cirúrgico pode ser individualizado conforme as necessidades de cada um, e isso diminui muito o risco de complicações.
  • Risco de Trombose: Diretamente relacionado ao tempo de imobilização (durante e após a cirurgia), pode ser evitado por ações simples. O uso da meia elástica, por exemplo, melhora o retorno venoso e diminui a estase sanguínea nas pernas (“sangue parado”). Tentamos movimentar os pacientes tão logo isso seja possível, com fisioterapia e deambulação precoce (levantar, andar, sair da cama para a poltrona). Além disso, dispomos de medicamentos anti-trombóticos, que evitam a formação do trombo de coágulo dentro dos vasos.

Espero que, ao entender melhor como os riscos são minimizados, o medo ceda espaço para a confiança. Faça os exames solicitados e lembre-se:  o médico está à disposição para tirar todas as dúvidas durante a consulta. Veja aqui alguns dos sintomas que pedem sua atenção.

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